domingo, 27 de junho de 2010

Sozinho no meu quarto...




Público Destinado: Pessoas como a Clarice Lispector, 
depressivos criativos e com bastante desesperança.

Eu me encontro sentado em minha cama. A vida abriu um buraco sob mim e eu acabei caindo neste buraco. Através disso, sentir-me-ia que caí. Entretanto, isso não aconteceu. Somente foi um sonho. E esse sonho, pelo que pareceu, foi um alerta.

Acordei assustado com o grito de minha mãe dizendo Eduardo, acorde! Já são 6:15. hora de ir à escola. Não queria ir para a escola hoje. Sentia que ia acontecer algo de errado. Era prova de Biologia, Cibele, a professora, havia dito que seria mais de vinte questões. Disse a minha mãe que não ia pra escola. Inventei umas tonturas, forcei vomito e tinha tudo dado certo. Minha mãe disse que era para eu ficar de cama, e que qualquer coisa, era para eu ir para casa de minha tia - que é aqui do lado - falar com ela. Ela saiu e foi trabalhar.
Sozinho no meu quarto, percebo que eu tinha um longo dia pela frente. Abri a persiana de modo que a luz do sol não penetrasse muito no quarto. Liguei o som, e coloquei uma coletânea de músicas da Pitty. Apenas músicas suaves haviam naqueles CD. Arrumei a cama, o quarto. Peguei o caderno e comecei a escrever. Eram rabiscos que só eu entendia. Naquele papel estava escrito o que eu esperava deste mundo. Sozinho no meu quarto, ao som da música Equalize, eu tinha escrito:

Sem esperança de um novo fim para este mundo, eu Eduardo aqui escrevo: os seres humanos são totalmente antecipados. Conceituam uma coisa, sem conhecê-la direito. Suas destruições são excessivas a ponto de até o próprio ser humano se encontrar sobre elas. A vida para eles só existem quando há morte. A tristeza predomina nesse mundo perene.

Comecei a ler aquilo, e quanto mais eu lia, mais meditava, mais aprendia. Que só havia uma coisa de se esperar daquele mundo: morte e destruição. Desliguei o som, liguei a televisão. Passava o jornal. Catástrofes naturais não se cansavam de perseguir o mundo. A fome, miséria, a dor, a infelicidade e, desgraçadamente, a morte, estavam como palavras-chave daquelas notícias. Não conseguia ver aquilo,  mas, pacientemente, continuei com os olhos pregados na televisão. Fiquei lá, sem interesse de ver aquilo. Acabei pegando no sono. 
Alucinado, me vi em escombros, e comecei a me sentir sufocado. Um tijolo caiu em minha cabeça, senti a pancada forte e comecei a sangrar. Subitamente, a sufocação parou e eu acordei com um sangramento no nariz. Fui ao banheiro do quarto de minha mãe e de meu pai - que estava viajando - e lavei o sangramento, aproveitei, e tomei um banho. Voltei para o meu quarto, e olhei as horas. Eram 10:30, o horário que a escola liberava os alunos. Estava ainda sentindo aquele mau pressentimento. Era uma voz que dizia: não vá à escola, não vá à escola. Liguei para Kátia, uma amiga minha. E perguntei se havia acontecido alguma coisa na escola.

Sozinho no meu quarto, soube que a escola estava pegando fogo.



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